Geografia e sala de aula

09/02/2015 12:19

Artigo de opinião : Geografia e sala de aula

 

Prof. Helio de Araujo Evangelista ( www.feth.ggf.br )

 

Publicado no Informativo FEUDUC, edição nº 20, ano V, agosto/setembro de 1998, pág. 4 Duque de Caxias ( RJ )

 

Vivemos um mundo que vem superando fronteiras, seja de ordem ideológica, técnica ou econômica. A divisão entre países tende a sofrer revisão em favor de uma moldura institucional que ainda não nos é possível vislumbrar. Porém, há um aspecto fundamental neste processo que é o papel estratégico desempenhado pela informação. Se, em outras épocas, o acesso a bens naturais ( carvão, ferro ) era o elemento diferencial entre lugares pobres ou ricos, ou em outras épocas, a capacidade manufatureira de um país é que o elemento primordial; hoje, vivemos uma época onde a informação é o grande diferencial na relação entre as pessoas e até países. Por exemplo, se olhamos para um computador, veremos que seu preço não está propriamente apoiado no volume bruto de matéria-prima utilizada para fazer o aparelho, ou ainda, que o preço está calcado no tamanho de uma determinada linha de produção. Não, um computador vale em função de seus programas ( conhecidos por softwares ) que nada mais são que informações conectadas e programadas de tal forma que nos possibilita a escrever, elaborar desenhos, etc através do aparelho.

Destacado o papel da informação, cabe, agora, frisarmos a importância da educação. Reparem que, nos dias de hoje, nos velozes dias atuais, as informações são transmitidas rapidamente, e até mesmo superadas por novas informações. É como se existisse uma avalanche informacional uma acima da outra. Neste sentido, o papel da educação não está propriamente em oferecer aos alunos “pacotes informativos” pois estes tendem a ter um prazo de validade cada vez mais exíguo. O que importa, então, numa sala de aula é a capacidade de indução dos professores (as) junto a turma no sentido de que esta adota mecanismos de reflexão. Não vivemos mais a época dos especialistas, quando, por exemplo, um torneiro mecânico crescia e se aposentava numa mesma profissão. Hoje, a versatilidade é a palavra-chave, e boa educação é a que proporciona a turma o desenvolvimento de sua curiosidade e a ter uma auto-disciplina. Obviamente que este trabalho não depende só do (a ) professor ( a ), a direção da escola também desempenha um importante papel e, fundamentalmente, a família tem um papel insubstituível pois a educação não deve ser apenas entendida como um aspecto instrumental na vida da pessoa, voltada para uma melhor capacitação para resolver problemas cerebrinos. Quantas pessoas, talentosas, não vieram a perder oportunidades de trabalho porque “perderam a cabeça” pois lhes faltou o devido equilíbrio em determinada situação ? Assim, cabe um equilíbrio entre a educação formal e o equilíbrio emocional.

Neste sentido, a Geografia apresenta um papel. E não é à toa, como demonstrado em recente matéria divulgada pelo Jornal Nacional da TV O Globo, que uma das matérias imprescindíveis no ensino básico é a Geografia. Mas, por quê ? Porque ela revela o mundo ! Isto mesmo, a Geografia deve levar ao pequeno cidadão a compreensão do lugar onde ele vive. Inicialmente a sua casa; a seguir a rua, o bairro, a cidade ... A Geografia pode e deve ser um verdadeiro guia a quem começa a palmilhar os seus primeiros passos. Porém, a Geografia não tem um papel adstrito ao ensino básico. A Geografia é expressão de poder. Afinal qual é a guerra ou campanha política que podem prescindir de informações que digam respeito à organização espacial ( de um bairro, cidade, região )? A Geografia é um saber de caráter estratégico que não se serve para educar o cidadão, mas também ajuda-o a mudar o seu meio. É impossível ter alguém que queira mudar o mundo, ou que tenha conseguido alguma coisa positiva, sem dispor de um bom conhecimento geográfico.